Mozambique Leaf Tobacco lucra mais de € 40 milhões/ano.
...e Guebuza ainda não respondeu as queixas apresentadas, ano passado, pelos camponeses de Tete.
Explorando cerca de 80 mil camponeses, a Mozambique Leaf Tobacco, empresa de capitais americanos, espera alcançar um lucro anual estimado em mais de 40 milhões de euros.
Este número de agricultores das províncias de Tete, Zambézia, Nampula e Niassa é obrigado a produzir anualmente mais de 50 mil toneladas de tabaco verde correspondente a capacidade de processamento da fábrica instalada na cidade de Tete. Depois de processado, a venda desta quantidade de tabaco rende àquela fábrica, pouco mais de 40 milhões de Euros.
Esta fábrica, tal como se sabe, foi inaugurada a 7 de Maio do ano transacto pelo Presidente de Moçambique, Armando Emílo Guebuza, no meio de vários protestos de agricultores das províncias da zona centro do país que denunciaram a Mozambique Leaf Tobacco de usar critérios injustos para a classificação do seu produto, o tabaco.
Instalada numa zona que antigamente era usada para a produção de outros produtos agrícolas, a nova fábrica ocupa uma área de 64 mil metros quadrados - equivalentes a dez campos de futebol.
As queixas das populações camponesas em relação à exploração de que estão sujeitos pela indústria tabaqueira não são recentes, pois, além das que foram feitas em Tete, o Presidente Guebuza já tinha recebido reclamações semelhantes de alguns agricultores da província de Manica.
Resposta tarda a chegar e camponeses acumulam dívidas
Entretanto, tais queixas não tem estado a ter retorno, pelo menos, a curto prazo, por parte de quem de direito, a avaliar pelas contínuas lamentações de milhares de famílias camponesas moçambicanas que, sob promessas de lucros fabulosos, abandonaram as suas culturas normais de subsistência.
“O que
acontece é que o nosso tabaco é da primeira classe e eles dizem que é
da segunda e os preços são diferentes. Também usam balanças muito
afinadas que faz com que muito tabaco não pesa nada, o que faz com que
estejamos a somar prejuízos em todas as campanhas” – queixaram-se.
Ao
receber as queixas, o Presidente moçambicano pediu que todas as partes
envolvidas na produção de tabaco trabalhem para melhorar o entendimento
entre si, bem como, os contratos de trabalho e os processo de
comercialização do produto.
Pediu, igualmente, para que as estruturas ligadas ao Ministério da Agricultura procurassem rapidamente averiguar as queixas dos camponeses no sentido de tornar o processo de produção do tabaco cada vez mais estável e sustentável naquele ponto.
“O trabalho não pode ser foco de conflitos, mas sim de produção” – apelou, na altura, o Presidente da República.
Entretanto, a avaliar por aquilo que é a continuidade das reclamações de camponeses que comercializam o seu produto na Mozambique Leaf Tobacco, depreende-se facilmente que as denúncias feitas ao Presidente da República ainda não foram devidamente analisadas e respondidas pelo Ministério da Agricultura e outras entidades de direito.
A má classificação de tabaco por parte da Mozambique Leaf Tobacco aliado ao uso de instrumentos de pesagem viciados faz com que os camponeses estejam a acumular dívidas em cada campanha agrícola, deixando milhares de famílias desprovidas de alimentação e agudizando, deste modo, a pobreza que já enferma mais de metade dos moçambicanos.
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