A Dimon, empresa fomentadora de tabaco que operava no distrito de Chifunde em Tete, foi-lhe retirada licença à favor da Mozambique Leaf Tobacco. A Dimon, mesmo sendo uma empresa de fomento do cultivo de tabaco sensibilizava os camponeses envolvidos na cultura de tabaco, no sentido de diversificarem a sua produção, cultivando outros produtos do género alimentício para assegurar a sobrevivência das suas famílias.
Entretanto, o governo moçambicano queria que os fomentadores construíssem fábricas de processamento de tabaco em Tete para que este (tabaco) não fosse processado no Malawi ou Zimbabwe. Mas, só a Mozambique Leaf Tobacco se predispôs a construir a fábrica de processamento.
Em troca, a concessão para o distrito de Chifunde, que cultiva mais tabaco do que qualquer outro distrito em Moçambique, foi retirada à Dimon e dada à MLT. Chifunde representava 40 por cento da produção da Dimon.
Quando o Presidente Guebuza falava para uma multidão hostil em Chifunde, no dia 5 de Maio (inauguração da fábrica de Tete), ele estava tecnicamente correcto quando disse que a Dimon saía de Moçambique por livre vontade.
O que ele não disse foi que a concessão de Chifunde lhe tinha sido retirada e dada à MLT em troca da construção de uma fábrica. Um chefe tradicional de Chifunde disse "no acto da inauguração da fábrica que Se fossemos a votar, garanto que a Mozambique Leaf Tobacco não apanhava nenhum voto da população de Chifunde tendo em conta as suas práticas”.
Quase todos os camponeses que estavam no local queixaram-se perante o Presidente da República, Armando Guebuza, que a MLT é mais rígida na classificação que a Dimon – há agora mais tabaco classificado como de baixa qualidade, pago portanto a preço mais baixo ao produtor.
Os camponeses afirmam que o tabaco considerado como de baixa qualidade pela MLT, pode ser vendido no Malawi como de alta qualidade. Mas eles em princípio não o podem vender senão à MLT que tem direitos exclusivos de compra em Chifunde. Discussões sobre classificação e preço são normais em qualquer sistema de concessão.
Mas o descontentamento com a MLT vai mais longe. Certamente que tanto a MLT como a Dimon querem fazer lucros e querem que os camponeses produzam tabaco da melhor qualidade. Mas os dois têm em relação aos camponeses uma aproximação completamente diferente.
A MLT considera-se exclusivamente uma companhia tabaqueira, dá apoio técnico e insumos aos camponeses, mas não oferece qualquer outro apoio. A Dimon vê-se muito mais como uma agência de desenvolvimento e dá um apoio agrícola muito mais alargado. Além disso promovem métodos de cultura totalmente diferentes.
A Dimon disse aos camponeses para fazerem colheitas intercalares à maneira tradicional, cultivando milho e feijão juntamente com o tabaco. A MLT opõe-se totalmente a isto, e incita à monocultura, isto é, nos campos deve haver tabaco e nada mais A Dimon também fez contribuições substanciais para benefício da comunidade como estradas, escolas e postos de saúde.
Também deu apoio ao ensino no Instituto Agrário do Chimoio, mas a MLT não quer saber da componente social. Tanto a Dimon como a MLT pretendem e esperam fazer lucros, as diferentes maneiras de lidar com os produtores são apenas escolhas comerciais.
Mas os camponeses claramente preferem a Dimon. Esteve a trabalhar durante dez anos em Chifunde e alguns camponeses disseram que consideravam a esta como “o pai do desenvolvimento das famílias locais.”
Interesante tu Blog. Vamos a seguirlo....
Posted by: Campaña NO tabaco | sexta-feira, 9 de março de 2007 at 03:57