O número de doenças directamente relacionadas com o consumo do tabaco está a crescer no país, segundo a Presidente da Associação Moçambicana de Saúde Pública (AMOSAPU), Margarida Matsinhe, que falou à nossa reportagem no decurso de um seminário regional sobre a matéria, que hoje coincide com as acelerações do Dia Mundial Sem Tabaco.
Sem avançar dados estatísticos, citando fontes ligadas à Saúde, Matsinhe descreveu um quadro sombrio não só a nível da saúde como também do meio ambiente que está a ser seriamente afectado pela produção, processamento e consumo do tabaco.
Referiu que apesar de estar a se tratar de um produto de “rendimento” e com o qual se pretende combater a pobreza absoluta é, ao mesmo tempo, um elemento destruidor da força humana que mais contributo daria para o desenvolvimento do país.
A agressividade do marketing sobre a população jovem e as mulheres é outro factor que concorre para que o tabaco seja um problema de saúde pública em Moçambique.
“O fumo do tabaco no organismo de uma mãe afecta não só a ela como também ao feto. Nos jovens o tabaco estimula o consumo de outro tipo de drogas mais fortes e quando não há prevenção, é parte de uma geração que se pode perder” – exemplificou.
Uma das saídas encontradas para este problema é o desenvolvimento das campanhas de advocacia e “lobbies” junto do Governo, no sentido de ratificar a Convenção quadro para o Controlo do Tabaco, instrumento sem o qual Moçambique não pode compartilhar com outras nações, informações tendentes a minorar o consumo do tabaco.
A indústria tabaqueira tornou-se, nos últimos anos, numa grande aposta para a economia de muitos países e Moçambique não foge à regra.
Sobre se o desafio da AMOSAPU seria concretizado, a nossa fonte disse que o que está em causa, neste momento, não é eliminar a indústria tabaqueira. “Isso é um processo muito longo e mesmo os países que conseguiram esse feito não o fizeram em poucos anos.
E mais, a Convenção Quadro é um instrumento que protege também a indústria tabaqueira na medida em que dá tempo para que esta crie outras alternativas em substituição da produção do tabaco e outras culturas.
Até
ao momento, 31 nações africanas ratificaram a Convenção Quadro, mas
Moçambique ainda não o fez.
Recentemente, aprovou um regulamento válido internamente sobre espaços livres do tabaco e que ainda não entrou em vigor. Enquanto ficar apenas em regulamento interno, o país não terá espaço para entrar nas grandes mudanças internacionais sobre a matéria.
Entretanto, o Dia Internacional Sem Tabaco é este ano celebrado sob o lema: “Ambientes Livres do Tabaco” e é mais uma ocasião na qual chama-se atenção a factores de risco e consequências nefastas deste mal, a importância da prevenção do consumo do tabaco na camada jovem e nos fumadores passivos, assim como o apelo à cessação do consumo nos que já aderiram ao fumo.
Para o dia de hoje estão agendadas várias actividades, a saber a realização de uma palestra na escola Secundária Estrela Vermelha, um debate sobre o regulamento de controlo do consumo de tabaco a ter lugar no Ministério da Saúde.
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