Chimoio, é hoje um dos lugares mais cosmopolitas do país.
O Chimoio tornou-se o refúgio onde centenas de expatriados brancos, «empurrados» do Zimbabwe nos últimos quatro anos por Robert Mugabe, vieram replantar as suas raízes. «Viemos para ficar», diz Francis Hakings, o líder dos zimbabweanos no Chimoio.
A sua família, de origem inglesa, estava há quatro gerações no Zimbabwe. Em Moçambique, espera não sentir a maldição que tiveram no Zimbabwe.
Hakings não foi expulso da sua terra. Mas teve de pagar, de repente, aos 500 empregados as «indemnizações», como se os tivesse despedido.
“No dia seguinte eles apareceram ao trabalho. Nós dissemo-lhes que já não havia dinheiro para continuar”, recorda Lizz, mulher de Hakings. O clima era demasiado hostil para que decidissem ficar. “Tivemos que procurar um lugar onde pudéssemos continuar a fazer a única coisa que sabíamos fazer : trabalhar”.
Como os outros zimbabweanos, estabeleceu-se à custa do empréstimo feito pela empresa multinacional de tabaco, a Alliance One - Moçambique. A Alliance One – Moçambique continua a precisar de tabaco para exportar e fazer os seus lucros. Viveram os primeiros tempos em tendas, dando prioridade ao investimento na terra.
O principal problema dos farmeiros é o financiamento. O baixo (baixíssimo) preço do tabaco, a que estão agarrados por causa do empréstimo, não dá lucro. “Queríamos começar a plantar mangas, lítchies” , explica-se e lamenta Wilson, outro farmeiro branco expulso do Zimbabwe.
Wilson completou depois o seu raciocínio: “frutas tropicais que podem dar-se bem nos solos do Chimoio. Mas, não podemos. Primeiro temos que conseguir pagar o empréstimo a Alliance One”. Mas, com as graças de Deus, Wilson conseguiu arranjar um sócio e está a plantar um campo de proteas, uma flor exótica, para exportar.
A produção é apoiada por uma ONG holandesa para o desenvolvimento. Aos poucos, contam eles, “vamos conseguindo abandonar a cultura do tabaco porque em termos de lucro, não dá grande coisa para nós. Parece que dá mais lucros apenas a Alliance One. Queremos apostar na cultura de frutas e flores para exportação. Havemos de conseguir” – crêem eles.
* Texto original de Edwin Honnou, jornalista free lancer moçambicano
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